O reformador João Calvino, no início de suas Institutas da Religião Cristã afirmou, acertadamente, que só podemos conhecer a Deus porque Ele se revelou a nós. E Deus se revelou a nós de quatro formas distintas:
1. Deus se revelou através das obras da criação (Sl 19.1-6) – A criação é um arauto do criador. Os céus proclamam a glória de Deus. A criação com sua multifária beleza é uma eloquente mensagem do criador. O universo não surgiu espontaneamente. Ele não é produto de uma explosão cósmica nem de uma evolução de milhões e milhões de anos. A matéria não é eterna nem divina. Deus criou todas as coisas e Ele é distinto da criação. Ele está fora da criação e ao mesmo tempo presente nela. O Criador é ao mesmo tempo transcendente e imanente. Com o progresso da ciência, ficamos ainda mais encantados com a grandeza da criação e com a majestade do Criador. Os mundos estelares, os bilhões de galáxias, com sua complexidade quase indescritível apontam a onipotência do Criador. Tanto o macrocosmo como o microcosmo estampam as digitais do Criador. Em virtude desta estupenda obra da criação, os homens são indesculpáveis diante do Criador (Rm 1.20).
2. Deus se revelou através da nossa consciência (Rm 2.14,15) – Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Mesmo aqueles que vivem na impiedade têm dentro de si uma consciência, uma lei que os acusa e os defende. Essa lei gravada no coração é o testemunho da consciência. O homem pode divorciar-se da família, mas jamais pode separar-se de sua consciência. Essa consciência pode ser limpa e sensível ou ficar cauterizada. Por isso, essa forma da revelação de Deus é suficiente para condenar o homem (Rm 2.12), mas não eficiente para salvá-lo (Rm 2.16).
3. Deus se revelou através da sua Palavra (Sl 19.7-10) – A Palavra de Deus é o sopro do Espírito. Ela é inspirada, infalível e inerrante. A Palavra de Deus foi revelada e registrada com absoluta fidelidade. Ela é a verdade. Por meio dela somos levados à fé salvadora. Por meio dela conhecemos a Cristo. Por meio dela somos santificados, ensinados, corrigidos e consolados. A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. Ela não apenas contém a Palavra de Deus; ela é a Palavra de Deus. Podemos conhecer a Deus porque ele se revelou a nós por meio da sua Palavra. Quando lemos a Bíblia, o próprio Deus fala conosco. Quando sua Palavra é pregada com fidelidade, ouvimos a própria voz de Deus.
4. Deus se revelou através do seu Filho Unigênito (Jo 1.18) – Jesus é o ponto culminante da revelação de Deus. O escritor aos Hebreus diz: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho” (Hb 1.1,2). Jesus é o Verbo eterno e divino que se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (Jo 1.14). Sua glória é a glória do Unigênito do Pai. Jesus veio para nos mostrar o Pai. Quem o vê, vê o Pai. Jesus é a exegese de Deus. Ele e o Pai são um. O evangelista João registra: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18). Ninguém jamais pode ir a Deus a não ser por meio de Jesus. O próprio Jesus afirmou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Jesus é a revelação máxima e final de Deus. Ele é co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai. Antes que houvesse mundo, o Filho já desfrutava de glória excelsa com o Pai. Quando Deus trouxe o mundo à existência, o Verbo eterno foi seu agente criador. Tudo veio a existir por seu intermédio. Ele é o criador das coisas visíveis e invisíveis. Concluímos, afirmando que Deus se revelou a nós pela sua criação, pela voz da consciência, pela sua Palavra e por seu Filho Unigênito.
Você já conhece esse Deus, o Deus Todo-poderoso?
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