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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Há vida Após a Morte?

                             
Desde a Antiguidade  o homem se inquieta para descobrir o que acontece após a morte. De forma explícita ou não, todos têm sede de desvendar o mistério ou mesmo desejam se sentir mais seguros sobre o real sentido da vida e da morte. Diante desses anseios, muitos se empenham em uma procura constante, seja de religião em religião, de ritual em ritual, de profeta em profeta. Mais do que nunca, a sociedade, quase freneticamente, recorre à inúmeras alternativas para escapar da angústia da não revelação sobre a vida após a morte.  No livro de Deuteronômio 29:29, a Bíblia diz que: 
“Há coisas que não sabemos, e elas pertencem ao Senhor, nosso Deus; mas o que ele revelou, isto é, a sua Lei, é para nós e para os nossos descendentes, para sempre. Ele fez isso a fim de que obedecêssemos a todas as suas leis”  Deuteronômio 29.29
Essa é a exortação para uma não investigação sobre aquilo que Deus ainda não permitiu que as pessoas soubessem. Muitos que se enveredam por esse temerário caminho acabam se envolvendo com heresias e apostatando da fé. No entanto, é lícito tentar descobrir, sempre a luz da Bíblia, o trajeto que aguarda o homem quando o fôlego de vida faltar. 
Definitivamente, a morte não era plano de Deus para a Humanidade, já que a própria Bíblia afirma ser ela o salário do pecado (Efésios 6:23). Por isso, é tão difícil para o homem lidar com esse fato. Luiz Sayão explica que desejar descobrir o que acontece após a morte é uma curiosidade natural. “A morte representa o maior enigma da vida humana. Além disso, Eclesiastes 3:11 afirma que Deus pôs o anseio pela eternidade no coração do homem. Não é possível que a morte seja o fim de tudo”, ensinou Sayão, que é coordenador de Tradução da Nova Versão Internacional da Bíblia e consultor teológico da Editora Vida. Darci Dusilek, diretor da Escola de Teologia da Unigranrio, afirma que tudo aquilo que o homem desconhece fascina e impulsiona à descoberta. “O ser humano é um ser transcendente, não se esgota apenas no aparente, concreto e palpável, como no reducionismo científico. O ser humano ultrapassa todas as tentativas de definição que, geralmente, são imediatistas e deficientes”, disse. Para os cristãos, há esperança da vida eterna com Cristo nos céus. Mesmo assim, o fato de não saber exatamente o que acontece depois que se morre, oferece não apenas um misto de esperança e inquietude, mas também perigo para a fé, face a tantas opções de crença disseminadas atualmente. 

É nessa fragilidade humana que se encaixam as heresias, ou seja, doutrinas que não possuem base bíblica. A mais difundida é a doutrina da reencarnação, seguida por milhões de pessoas, que buscam uma continuidade para a vida aqui na terra. Apesar de Hebreus 9:27

“E, assim como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois, disto, o juízo”  Hebreus 9.27

combater enfaticamente essa idéia, os reencarnacionistas continuam fazendo prosélitos em todos os cantos do mundo. A reencarnação seria a possibilidade de uma alma poder voltar a viver na terra várias vezes, ligada a um novo corpo. 
A Igreja Católica ensina a existência de céu e inferno, baseando-se na Bíblia. Porém, incluiu o purgatório, um local de sofrimento, onde as almas não aprovadas para irem direto para o céu sofreriam uma espécie de “pena”, até que se purificassem.

Há também o aniquilacionismo, que é a idéia de que os ímpios (pessoas que não crêem em Deus) não passariam pelo julgamento e jamais seriam punidos de forma perpétua no inferno. Esses, simplesmente, seriam aniquilados, ou seja, deixariam de existir. Esta tese é defendida pelos adeptos da Igreja Mundial de Deus, Adventistas do Sétimo Dia e Testemunhas de Jeová. Existe ainda o universalismo, ideia não muito popular, mas que afirma que todos alcançarão a completa salvação e ninguém será reprovado. Neste caso, Deus reconciliaria consigo todos os seres humanos, independentemente das obras, méritos e intenções de cada um. 
Mas afinal de contas, para onde vamos? O que é verdade, em meio a uma infinidade de doutrinas, conceitos e filosofias que são misturados a sentimentos de incerteza e medo do futuro? Aos cristãos, evidencia-se a fé na Bíblia Sagrada, com uma postura de humildade e submissão àquelas realidades não compreensíveis. Este é também o pensamento do pastor presbiteriano Luiz Longuini Neto, professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB). “Na realidade, acho que ninguém sabe exatamente para onde vamos. Existem especulações. A Bíblia não fala muito nisso, que é um mistério. Nós, cristãos, cremos numa vida após a morte, mas devemos nos contentar que há coisas que são mistérios, temos que ser honestos e reconhecer que para algumas coisas a Bíblia não tem resposta. Ela não fala sobre todos os assuntos”, afirmou. 

Crentes: Sempre Salvos?
A crença no arrebatamento, baseada em 1 Tessalonicenses 4:15-17, afirma que Jesus pode arrebatar a igreja a qualquer momento, devendo, então, os cristãos estarem preparados para esse fato. De acordo com Eliseu Pereira Lopes, pastor e professor de Escatologia, o crente que morre hoje é elevado aos céus pelos anjos e se encontra imediatamente com Jesus. Mas, “quem não se converteu, apesar de eu não poder dar um veredicto, teoricamente, iria para o inferno. Não acredito que todos que estão na igreja irão para o céu”, opinou Carlos Alberto Pires, professor de Filosofia da Religião. 

No entanto, será que alguém pode determinar aquele que estará no céu e aquele que estará no inferno? Lopes é contundente: “Nem todo crente será salvo, pois há um julgamento sério para a igreja e estamos vivendo a época da igreja de Laodicéia (Apocalipse 3:14), exemplo de uma igreja morna, preocupada com as coisas terrenas e com a prosperidade. Quem concorda é Russel Shedd, editor da Bíblia Vida Nova e especialista em Novo Testamento. “O texto é muito claro em Mateus 7:21. Pessoas que buscaram apenas o poder de Deus, sem buscar mudança interior e santidade não serão salvas”, explicou. Para o especialista, o que garante a salvação do cristão é a regeneração e a entrega da pessoa a Jesus. 
Sobre a necessidade do batismo nas águas, ressaltada em Marcos 16:15, Luiz Sayão diz que “se a pessoa for apenas batizada, sem conversão real, de nada valerá. Uma pessoa que não pôde ser batizada e é convertida, será salva. Todavia, não creio na salvação de alguém que recusa o batismo por não querer compromisso”. Esse debate lembra a polêmica sobre aqueles que morrem sem nunca aterem ouvido falar de Jesus. Mas Shedd responde: “Deus é justo (vide Salmo 25:8). Ninguém vai para o inferno injustamente. Há pessoas que nunca ouviram falar do Evangelho, mas buscam a Deus. Não será salvo somente aquele que não abriu o coração para Deus”. 

Vamos nos Reconhecer no céu?
Segundo o professor Lopes, haverá reconhecimento entre salvos no céu. Mas isso acontecerá no nível da personalidade e não das lembranças físicas. Para comprovar esta tese, ele usou o exemplo dos apóstolos que reconheceram Moisés e Elias no Monte da Transfiguração (Marcos 9:2-8). Por estarem envolvidos na atmosfera celeste, os apóstolos os reconheceram, mesmo sem terem sido contemporâneos entre si. Na opinião de Russel Shedd, as pessoas irão se lembrar desta vida terrena quando estiverem no céu. “Já que haverá julgamento, teremos lembrança da vida na terra. Creio que o que não haverá é relacionamento humano no céu. Sendo assim, não vamos estar sujeitos a sentimentos humanos”. Complementando, Dusilek disse que “no céu não haverá pranto, nem lágrimas, nem dor, pois as primeiras coisas já são passadas. Vamos nos conhecer no céu, mas não teremos lembranças amargas que possam tirar a nossa bem-aventurança”. Em contrapartida, a opinião de Sayão é outra: “A identidade de uma pessoa tem a ver com a consciência. Não faz sentido estar no céu sem ter lembrança de nada que aconteceu na terra”. 

Animais Também Irão Para o Céu?
Com relação a entrada de animais no céu, a reportagem encontrou bases para uma resposta afirmativa e negativa. “O Apocalipse fala da Nova Jerusalém que desce dos céus à terra (caps. 21 e 22) e do ser humano remido, que estará em completa harmonia com a natureza, segundo Isaías 11:8. Pensando que o céu pode ser apenas uma dimensão diferente da terra, entendo que teremos animais no céu. Mas não temos detalhes sobre isso, além de poucas referências simbólicas”, explicou Dusilek. Na concepção de Shedd, que também toma como base Isaías 11:8, há muitas pessoas que afirmam ter recebido revelações e visões do céu, onde existiam animais. No entanto, é sabido que animais não têm espírito, apenas alma e que o que nos ligaria a Deus seria o espírito. Então, como o animal poderia estar no céu, em uma dimensão espiritual? Baseado nisso, o pastor Lopes não acredita que no céu haverá animais. 

Quero o meu Galardão!
Segundo o dicionário Michaelis, galardão significa “recompensa de serviços importantes, honra, glória e prêmio”. Aparece pela primeira vez nas Escrituras em Gênesis 15:1, quando Deus diz a Abrão que o seu galardão seria grande. Seria o galardão uma coroa “cheia de pedrinhas”, como muitos acreditam? “Eu creio que esse tipo de galardão seja a nossa alegria e satisfação, segundo o que fazemos para o Senhor neste mundo. A medida em que nos comprometemos com o Senhor aqui na terra, teremos mais alegria lá no céu”, disse Pires. Já Shedd, afirmou que galardão seria a capacidade desenvolvida por cada pessoa aqui na terra, de gozar mais da presença de Deus no céu. Quanto mais a pessoa fosse apaixonada por Jesus, mais ela se alegraria no céu e se diferenciaria das demais. Porém, Dusilek é taxativo na sua opinião: “galardão não pode significar que no céu existirá uma sociedade discriminatória como na terra. A linguagem que fala dos galardões é uma linguagem essencialmente económica e procura levar os crentes a fazer um depósito em vida para garantir a sua previdência na eternidade. Não concordo com esta idéia. Mas entendo que o galardão maior do crente será contemplar o Cordeiro assentado junto ao trono de Deus e que não devemos ceder à tentação de quantificar esse galardão”. 

Ruas de Ouro de Verdade?
A descrição do livro de Apocalipse gera muita polêmica entre os acadêmicos de Teologia. Alguns acham que ruas de ouro, muros de jaspe e portais de pérola são figuras de linguagem usadas pelo apóstolo João ao se deparar com tamanha majestade e glória de Deus. Esta é a concepção de Shedd: “O livro de Apocalipse requer uma interpretação simbólica. Sem dúvidas, não podemos interpretar literalmente, pois essa descrição é uma tentativa de passar o valor e a riqueza da vida futura”. Para o pastor Longuini, a descrição é metafórica e tenta fazer uma comparação com a majestade e a grandeza do Império Romano, referência de glória terrena até então conhecida. Mas há quem creia que a descrição da Nova Jerusalém é exata. “Eu creio que a descrição é literal da Nova Jerusalém”, diz o professor Lopes, que afirma ainda que lá no céu “todos vão receber uma porção de servir ao Senhor, mas sem ciúmes e inveja. Não sabemos exatamente o que cada um vai fazer. Só sabemos de uma coisa: o louvor será constante”. 

Inferno: Uma Contradição Com o Amor de Deus?
Uma das tendências humanistas da pós-modernidade é crer na impunidade do homem diante de Deus. É a famosa concepção de que Deus é bom e vai entender as fraquezas humanas, isentando o homem de um juízo segundo as suas obras. Por outro lado, pagãos e adeptos de outras crenças afirmam que o Cristianismo apresenta um Deus um tanto malvado por enviar pessoas ao inferno, ao invés de perdoá-las. Como cristãos, não se pode duvidar da identidade do Criador, pois 1 João 4:8 afirma que “Deus é amor”. “É importante que falemos de Deus no conjunto do seu ser e da ação dos seus atributos. É claro que Deus é amor. Mas devemos lembrar que Ele também é justiça. A imagem que algumas pessoas têm de um Deus bonachão que passa a mão sobre a cabeça das pessoas é pagã e não-bíblica. Na verdade, Deus não manda ninguém para o inferno. Se alguém vai para o inferno, o faz em decorrência de sua própria escolha (João 12.47-50)”, ensinou Dusilek. Lopes afirma que a chance de ser salvo acontece enquanto estamos em vida. “Todos têm a chance de serem salvos, segundo a graça salvadora (Tito 2:11), que se manifestou a todos os homens. Todos os homens tiveram a mesma chance de se salvar”. 

Para Pires, a sociedade vive um momento muito difícil, onde o homem trabalha em cima de uma subjetividade. “Ele manipula as coisas de tal forma que quer que tudo aconteça, segundo seus desejos, difundindo uma pluralidade e um misticismo muito grande. Essa é uma confiança pós-moderna e o tempo de instabilidade e insegurança afasta o homem das realidades espirituais”, afirmou. De acordo com o estudioso, Deus permite a existência de outras doutrinas, para que o verdadeiro cristão se fixe somente Nele. Endossando o que o professor disse, pode ser citado o livro de 2 Timóteo 4:3-4

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres, segundo os seus próprios desejos, e desviarão os ouvidos da verdade”. 2 Timóteo 4.3-4
Via: estudosgospel

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