O sudário de Jesus aparece mencionado pela primeira vez na Lenda de Addai (escrita cerca de 260 d.C.), em conexão com o Rei Abgar V de Edessa (hoje chamada Urfa, na Turquia), que reinou entre 13 e 50 AD. Abgar, que contraiu uma doença desconhecida debilitante, tendo ouvido contar dos milagres de Jesus, ter-lhe-ia escrito, suplicando-lhe a cura. Eusebius, um bispo cristão de Cesaréia e historiador dos primórdios da Igreja, tendo registrado sua história entre 314 AD e 324 AD, transcreve a carta, como segue:
"Abgar Uchama, o Toparca, para Jesus, que se manifestou como gracioso salvador na região de Jerusalém - saudações.
Eu ouvi contar sobre o senhor e sobre as curas que o senhor pratica sem drogas ou ervas. Se os relatórios são verdadeiros, o senhor faz cegos verem novamente e coxos caminharem; o senhor cura leprosos, expulsa espíritos impuros e demônios, cura os que sofrem de doenças crônicas e dolorosas, e ressuscita mortos. Deus desceu do Céu para realizar tais prodígios, ou o senhor é o Filho de Deus a realizá-los. Destarte, escrevo-lhe para suplicar-lhe que venha até mim, a despeito da inconveniência, e me cure da desordem de que sofro. "
Conta-se que Jesus teria ditado uma resposta a Abgar , a qual lhe teria sido entregue por um dos seus discípulos, Ananias. Jesus replicou:
"Bem-aventurados os que crêem em mim, sem haver-me visto! Pois está escrito sobre mim que os que me viram não acreditarão em mim, e os que não me viram acreditarão e viverão. A respeito do seu pedido para que eu vá ao seu encontro, devo cumprir tudo o que fui enviado para realizar aqui, e ao completá-lo, devo retornar imediatamente Àquele que me enviou, Quando eu for arrebatado ao alto, enviar-lhe-ei um de meus discípulos para curá-lo e levar vida a você e aos que estão com você."
Depois que o Jesus foi elevado, Tadeu, um dos discípulos dEle, foi enviado à cidade de Abgar, a fim de ali curar os doentes e pregar o evangelho. Quando Abgar soube disso, mandou chamá-lo e logo depois foi curado de sua enfermidade. Um relato afirma que Tadeu impôs as mãos em Abgar e o curou, provavelmente em 33 DC, e várias tradições sustentam que Abgar permitiu que um dos panos funerários de Jesus fosse exibido de forma proeminente na cidade, como um sinal da sua adesão a Jesus à sua missão. Este pano foi presumivelmente exibido em Edessa até algum tempo depois da morte de Abgar em 50 DC, a partir de quando parece haver desaparecido dos relatórios de Edessa, até quase 500 anos depois.
O pano mais longo, outros dos atavios funerários, é mencionado pela primeira vez por Nicephorus Callistus. Ele escreveu em sua história eclesiástica que no ano 436 DC a Imperatriz Pulcheria fez construir em Constantinopla a basílica de Santa Maria de Blachernae, onde manteve o linho funerário de Jesus Cristo.
Em 525 DC, Edessa sofreu uma inundação terrível, que danificou grandes seções da cidade e matou quase metade da população. Durante o processo de reconstrução da cidade, descobriu-se uma câmara desconhecida sobre o portão da parede ocidental, que a lenda local afirmava ter sido o portão pelo qual Tadeu havia entrado na cidade. Naquela câmara foi encontrada uma arca contendo um dos panos funerário de Jesus, aparentemente intocado pela inundação. Esse pano foi chamado o Mandylion - uma famosa relíquia Cristã, impressão da face de Cristo num pedaço de pano. É interessante notar que justamente nessa época começaram a aparecer nas regiões cristãs do Oriente-Próximo ícones da cabeça de Jesus que o representam com cabelo longo e várias outras características sem precedentes. Antes desse tempo, Jesus era retratado como imberbe e com cabelo curto, ao estilo das tradições romanas e gregas.
A próxima referência para o próprio pano de envoltura longo vem do abade beneditino de Iona, Adamnan, que escreveu a respeito de um Bispo Arculphus que, no ano 640 DC, enquanto peregrino em Jerusalém, viu e beijou a imagem de Nosso Senhor, colocada acima de sua cabeça sepulcro.
1234 A mortalha é mencionada num sermão dado por Papa Estêvão III em 769 DC. Ele declarou que a Imagem na mortalha (Sudário) é a do corpo de Jesus Cristo.
Pois o Mediador entre Deus e homem ...estendeu o Seu Corpo inteiro no pano branco como neve, no qual a Imagem gloriosa da a Face de Senhor e do Corpo inteiro dele foram tão divinalmente impressas, que era suficiente, para os que não puderam conhecer o Senhor na carne, conhecer a impressão no pano.
Assim, a Imagem venerada desde Edessa tornou-se um elemento importante no desenvolvimento da compreensão e veneração de ícones na Igreja.
Em 942 DC, a Imagem de Edessa foi levada a Constantinopla - apesar das objeções dos cidadãos de Edessa - e alojada na capela de Pharos ali localizada. Assim, ambas histórias fragmentárias situam os dois panos em Constantinopla pelo décimo século.
Em 1201 DC Nicholas Mesarites, que era o guardião da capela de Pharos, defendeu as relíquias guardadas na capela contra vários ataques por partidários de John Comnenus. A sua listagem das relíquias protegidas incluem os panos de Jesus Cristo - plural indicativo de que havia mais que um pano no relicário de capela naquele momento.
Robert de Clari, um cavaleiro da Quarta Cruzada, dá para uma descrição detalhada das riquezas e relíquias que ele viu nas igrejas e palácios de Constantinopla em 1204 DC. Na basílica do Blachernae declara ele haver descoberto o Sudário. Ele relata que
" . . . havia um mosteiro conhecido como Senhora Santa Maria de Blachernae, no qual era guardado o Sudário na qual Nosso Senhor foi envolvido..."
O que aconteceu à Mortalha e ao outro pano durante os saques de Constantinopla não é conhecido atualmente. O historiador bizantino Nicetas Choniates relata a respeito do saque de Constantinopla em 1204 DC, como parte da Quarta Cruzada:
" ...como posso eu tentar relatar as ações impetradas por esses homens abomináveis! Ai, as imagens, que deveriam ter sido adoradas, foram calcadas sob os pés! Ai, as relíquias dos santos mártires foram atiradas em locais profanos! Então assistiu-se ao que a pessoa estremece ao ouvir, isto é, que o corpo divino e sangue de Cristo foram atirados ao solo, jogados a esmo. Eles arrebataram os relicários preciosos, exibindo ao peito os ornamentos que estes contiveram, e usando as sobras quebradas como panelas e taças..."
Os Cruzados de Quarta Cruzada procediam de toda a Europa Ocidental como também do Oriente-Próximo. A Cruzada colocou Cristão contra Cristão e seu principal objetivo parece ter sido acumular riquezas para os venezianos que a fundaram. Alguns dos cavaleiros que tomaram parte nesta Cruzada provavelmente procediam da França. Tenha sido roubada ou removida para sua proteção, a presença da Mortalha na Europa começa a ser documentada mais continuamente a partir de sua realocação na França.
A Mortalha aparece a seguir em exibição na cidade de Lirey, França, em 1353 DC. Chegou lá provavelmente como parte do botim da Quarta Cruzada, mas sua rota precisa é desconhecida. Geoffrey Charny, homônimo dum Cavaleiro Templário executado pelo rei Felipe de França em 1314, colocou a Mortalha "ostentando a efígie de nosso Salvador "na Igreja de Lirey, entre 1353 e 1356 DC. Foi posta logo em exposição pública pelos Cânones de Lirey, em 1357 DC. A neta de Geoffrey de Charny, Margaret de Charny, cedeu a Mortalha para a Casa de Sabóia, em 1453 DC. Em 1532 DC a Santa Capela de Chambrey, na qual a Mortalha era mantida, foi destruída pelo fogo. Fogo intenso bastante para derreter partes do relicário de prata no qual era guardada a Mortalha; e prata fundida derramou-se numa dobra do linho dobrado. Esta seção da Mortalha principiou a queimar-se, sendo mergulhada em água. A parte da Mortalha que contém a imagem foi deixada em sua maior parte intata pelo fogo. As seções queimadas foram consertadas depois, cosendo-se remendos de linho na porção danificada e prendendo-se um apoio à Mortalha. Coincidentemente, um texto húngaro datado de 1204 DC foi recentemente descoberto, contendo uma ilustração da Mortalha sem o dano causado pelo fogo. Porém, mostra a Mortalha com quatro marcas em " L " , as quais podem ter sido causadas por um incidente anterior. Essas marcas ainda são evidentes na Mortalha de Turim. Em 1578 DC, a Mortalha foi movida pelo Duque de Sabóia à sua nova capital de Turim, onde se encontra até hoje.
Durante a Idade Média houve relatos de mais de 40 "sudários" em várias partes da Europa, seja como lembranças simbólicas ou como representações artísticas do enterro de Cristo. Além da mortalha funerária, havia também o pano que foi usado para cobrir a face do homem crucificado. Este pano, às vezes chamado "Vero Ícone" (verdadeira imagem), pode ser um pano que hoje se acha em Oviedo, Espanha. Sua história pode ser seguramente traçada até pelo menos o sétimo século e ele exibe cerca de 130 marcas em comum com a Mortalha de Turim. O outro pano constante dos registros de Constantinopla em 1201 DC parece haver-se perdido.
O interesse no Sudário renovou-se em 1898 DC, quando foi exposto para adoração em celebração do qüinquagésimo aniversário da constituição italiana. Durante essa exposição Secondo Pio, um fotógrafo profissional, fez uma série de chapas fotográficas do Sudário. Quando ele revelou as fotos, a imagem exposta não era um negativo, como seria esperado, mas ao invés uma imagem positiva. O que pareceu serem marcas sem conexão no Sudário revelou ser a imagem inconfundível de um homem! Uma avaliação subseqüente das imagens em 1902ad por Yves Delage, professor de anatomia comparativa na Sorbonne, avaliou a imagem do corpo e posição das feridas tão anatomiamente precisas, que seria virtualmente impossível a um artista criá-las.
Em 1931 DC permitiu-se a Giuseppe Enrie fotografar o Sudário com equipamento fotográfico mais avançado e sem ter que bater as fotos através de um vidro protetor. Estas fotografias enfatizaram os detalhes do homem crucificado mais dramaticamente que as fotografias anteriores de Pio. Mais tarde, autoridades médicas que efetuaram avaliações com o auxílio de cadáveres constataram que as imagens são totalmente consistentes com a crucificação.
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